Politica

Secretária do governo Zema recebe ameaças de representante de mineradoras

O empresário João Alberto Paixão Lages, presidente da Associação de Mineradoras de Ferro do Brasil e que seria vinculado à empresa Fleurs Global, com operações de mineração na Serra do Curral, em Sabará, foi indiciado pela polícia civil pelo envio de mensagens com ameaças à secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais na gestão Romeu Zema (Novo), Marília Melo.

A queixa foi registrada pessoalmente pela secretária. As ameaças teriam sido feitas via aplicativo de mensagens na noite do dia 23 de dezembro do ano passado, logo após a secretária determinar o adiamento de uma audiência pública necessária para o licenciamento da mineração realizada pela Fleur Global.

As operações da empresa estão suspensas por descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e falta de licença para atividade. A audiência pública é uma etapa necessária para retomar as operações.

Inconformado com o adiamento, o empresário teria enviado áudios para o telefone pessoal da secretária fazendo ameaças e declarando “guerra” contra a gestora da pasta de meio ambiente. De acordo com o relatório da Política Civil, em suas mensagens o autor das ameaças teria se identificado e feito ofensas à secretária do governo Zema.

“Ilustre secretária de m* nenhuma, é João Alberto quem está falando. Você para de bandidagem, de tentar extorquir a Global no nosso licenciamento. […] Marília, até agora você não enfrentou nada como eu. Mas daqui para frente será diferente”, disse o empresário.

Em uma outra mensagem, o empresário teria dito que tentou contato com a secretária através de interlocutores comuns, mas que a partir daquele momento a situação era de “guerra”.

“Tentei ser cordial com você. […] Então, minha amiga, bora lá, pra guerra. Continuar sempre. Prepara-te”, disse nos áudios.

Nada muda
A assessoria da secretaria de Meio Ambiente afirma que as providências já foram tomadas e que a investigação não irá alterar o trâmite legal do pedido de licenciamento ambiental da empresa Global Mineração.

“Uma pessoa, inconformada com a decisão, através de áudios via whatsapp, questionou o procedimento e ameaçou a secretária que, em razão do ocorrido, tomou as providências legais necessárias. É importante salientar que a decisão de publicar a audiência na segunda quinzena de janeiro, e não na última semana de dezembro, durante recesso de final de ano, foi tomada com o objetivo de garantir a transparência e devida visibilidade que o assunto requer”, afirmou em nota.

A audiência adiada, justificativa para as mensagens enviadas pelo empresário, acabou sendo realizada em 7 de fevereiro e, de acordo com a secretaria de meio ambiente, segue os trâmites normais.

“Como em todos os processos de licenciamento em curso no órgão ambiental estadual, as avaliações e procedimentos são conduzidos de forma técnica, pautados nos princípios de legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência, que regem a administração pública”, afirma

O empresário João Alberto foi acionado através da assessoria da Associação de Mineradoras de Ferro do Brasil e não respondeu até o momento. Em depoimento à Polícia Civil, ele afirmou que “se excedeu no envio da mensagem e se retratou e sem o propósito de ofender”.

A Fleurs Global Mineração também foi questionada, mas não houve resposta. O espaço segue aberto para posicionamento tanto da empresa da empresa quanto do acusado.

A Polícia Civil informou que o processo foi enviado ao poder judiciário e aguarda tramitação em sigilo.

Repercussão
Nas redes sociais, a deputada Bella Gonçalves (Psol), afirmou que a denúncia é “mais um capítulo de escândalos envolvendo a Serra do Curral”. Ela diz esperar que as ameaças sirvam para deixar claro ao governo Zema que “com mineradora criminosa e pirata não se negocia, não se faz TAC, não se facilita licenciamento. Bandido se combate e se prende”, afirmou.

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