Cristiano Amon lidera a Qualcomm, a gigante de semicondutores com um valor de mercado estimado em US$ 191 bilhões
SUNNYVALE (Estados Unidos) – “A melhor coisa para fazer agora é abraçar a tecnologia de inteligência artificial. Resistir é inútil”, afirma Cristiano Amon. O brasileiro é o CEO global da Qualcomm, uma das maiores empresas de chips para smartphones dos Estados Unidos e um dos líderes globais no setor.
O executivo falou no Brazil at Silicon Valley, evento realizado nos Estados Unidos, para conectar empreendedores brasileiros ao ecossistema de inovação americana no Vale do Silício.
“O que vai acontecer com a velocidade de desenvolvimento e quão impactante vai ser? Não sabemos. Eu digo muitas vezes que às pessoas que alguns dos casos de uso que vemos agora estão apenas nos estágios iniciais. Não sabemos o que os desenvolvedores serão capazes de fazer. Mas eu acho que a tecnologia é muito transformadora”, diz o executivo, na liderança da companhia desde 2021 – desde 2018, ele já ocupava a posição de presidente.
Amon chegou à companhia americana em 1995, num período que chamou de “diáspora de engenheiros eletrônicos brasileiros”.
De lá para lá, ele acompanhou a transformação da companhia, que passou de um sistema de radiocomunicação para uma empresa de computação, ocupando lugar de destaque global no mercado de chips para celulares e redes de computação ao entregar produtos com alta capacidade de processamento e velocidade, como o Snapdragon, um dos sucessos da casa.
Segundo dados a consultoria do mercado móvel Counterpoint, a empresa detém uma participação de 32% no mercado de semicondutores para smartphones. A Qualcomm tem um valor de mercado de US$ 191 bilhões.
“Nós estamos desenvolvendo tecnologias internamente, estamos abraçando iniciativas externas, usando em cada produto. E acho que será uma corrida, com os vencedores e perdedores. As empresas que conseguirem encontrar uma maneira de aproveitar essa tecnologia serão as mais bem-sucedidas”, diz.
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Qual é o momento da Qualcomm
A própria Qualcomm está neste processo de transformação. Após evoluir nos celulares, entregando chips que possibilitaram dar velocidade à adoção de tecnologias como 3G, 4G e 5G, a empresa tem buscado se posicionar na área de computacional espacial, integrando os universos físicos e digitais, e investido no mercado automotivo.
É uma visão de evolução das tecnologias, mas também um movimento para diversificar as estratégias diante de um cenário em que novos competidores começaram a penetrar neste mercado.
Caso da chinesa Huawei e da própria Nvidia, que se tornou a terceira empresa mais valiosa dos Estados Unidos com a ampla adoção dos seus processadores para suportar os LLMs (grandes volumes de dados) das inteligências artificiais.
“Se você observar um carro, elétrico ou não, é um espaço de computação digital”, diz. “Nós estamos trabalhando com todas as empresas automobilísticas, incluindo todas as novas montadoras chinesas, porque o carro está realmente se tornando um computador sobre rodas. Outra coisa que estamos olhando com em computação espacial é nos óculos, que eu sou um grande crente, de que serão os próximos telefones”.
Por trás dos investimentos da companhia, está a ideia de conectar os momentos, por exemplo, usando soluções como IA para facilitar a vida dos motoristas, identificar problemas rapidamente dos veículos e a definição de rotas a partir de contextos de conversas.
“É onde nós estamos tentando chegar nesta nova fase de computação. É sobre levar a inteligência artificial a todos os dispositivos”, diz Amon.